Um estudo do Instituto Sonho Grande indica que alunos de escolas estaduais com ensino médio em tempo integral (EMI) apresentaram resultados superiores no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024 em comparação com estudantes de unidades de meio período. Para ser classificada como escola de EMI, a instituição precisa oferecer uma carga horária mínima de sete horas diárias ou 35 horas semanais.
A partir da análise dos microdados do Enem 2024, realizado anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o levantamento mostrou que a maior diferença está nas notas da redação.
Em média, alunos de escolas de tempo integral obtiveram 12 pontos a mais na prova discursiva, que vai de 0 a 1.000 pontos.
Quando se consideram apenas as escolas em que todas as matrículas são em tempo integral, a diferença chega a 27 pontos. O desempenho também foi superior na área de matemática e suas tecnologias, com uma média cinco pontos acima das escolas de turno parcial.
Desempenho elevado no Nordeste
No Nordeste, as escolas que oferecem ensino médio em tempo integral registram médias mais altas tanto na redação quanto nas quatro áreas de conhecimento avaliadas pelo Enem: linguagens, códigos e suas tecnologias; ciências humanas e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; e matemática e suas tecnologias.
A média geral dos alunos de escolas integrais na região supera a dos estudantes de turno parcial em 18 pontos, enquanto na redação a diferença chega a 48 pontos.
Maior adesão ao Enem
O estudo “Efeitos do Ensino Médio em Tempo Integral sobre os Indicadores Educacionais dos Alunos”, conduzido pelos economistas Naercio Menezes Filho e Luciano Salomão em parceria com o Instituto Natura, revelou que estudantes de escolas de ensino médio em tempo integral participam do Enem 16,5% mais do que aqueles de unidades de meio período.
A pesquisa, baseada em dados de 2017 a 2019, também apontou que as notas dos alunos de escolas integrais são superiores às dos estudantes de turno parcial, especialmente na redação, com diferença média de 29 pontos.
Desafios
De acordo com o Censo Escolar, entre 2022 e 2024, considerando toda a educação básica (educação infantil, ensino fundamental e médio), a proporção de matrículas em tempo integral passou de 18,2% para 22,9%.
Apesar do avanço, esse número ainda ficou abaixo da meta estabelecida pelo Plano Nacional de Educação (PNE), que previa que 25% das matrículas da educação básica fossem em tempo integral até 2024.
Se analisada apenas a evolução do ensino médio em tempo integral, o Brasil registrou crescimento de 14,1% em 2020 para 24,2% em 2024.
Escola em tempo integral
O Programa Escola em Tempo Integral, lançado pelo MEC em 2023, tem como meta atingir aproximadamente 3,2 milhões de novas matrículas nessa modalidade de ensino até o final de 2026, abrangendo todas as etapas da educação básica. A iniciativa busca promover o desenvolvimento dos alunos e elevar os indicadores nacionais de aprendizagem.
Para atingir esse objetivo, o governo federal disponibiliza apoio técnico e financeiro a estados e municípios, incentivando a expansão do ensino integral em todas as etapas da educação básica, com carga horária igual ou superior a sete horas diárias ou 35 horas semanais.
Segundo uma representante do instituto, o programa federal tem papel fundamental na disseminação do modelo de ensino integral pelo país, que antes estava concentrado em redes limitadas.